segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dicas ao planejar as aulas de Filosofia



Centro de FilosofiaEducação para o Pensar

Dicas ao planejar as aulas de Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens...
Equipe Pedagógica do Centro

O Programa Filosófico-pedagógico Educar para o Pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens quer contribuir com uma Educação para a autonomia e para o auto-conhecimento, de forma que devemos estar atentos para a interdisciplinaridade, evitando a fragmentação e o reducionismo disciplinar. Portanto:

· Procure sempre fazer um registro ao final de suas aulas relatando situações que lhe desafiaram, idéias relevantes de seus alunos, enfim, comentários de experiências que poderão ser compartilhadas (Portal da Filosofia, Jornal Corujinha, Philó OnLine e Revista Philos) e que, certamente, contribuirão para o enriquecimento dos seus trabalhos futuros e dos demais professores do Brasil;

· Esteja atenta(o) as datas comemorativas de grande relevância educativa como Semana Santa, Semana da Pátria, Semana da Criança, Semana da Filosofia, etc, e proponha atividades especiais;

· Observar outras aulas para trabalhar melhor os Momentos de Avaliação do seu trabalho reflexivo e sistemático, dentro do Programa filosófico-pedagógico;

· Organizar no início do ano, na metade ou mesmo no final um grande evento em sua classe ou na escola pelo trabalho de Educação para o Pensar: Filosofia com crianças, adolescentes e jovens (sugestão: aproveite o dia da Filosofia 21/11 para realizar esse evento);

· Usar materiais didáticos diversos como jogos, brincadeiras, histórias infantis, sucatas, músicas, vídeos, dinâmicas...

· O material pedagógico (livros das coleções por nós sugeridos e indicados) é um pretexto e um pré-texto, portanto também de fundamental importância, como um caminho a ser percorrido e para que dele outras criações possam surgir;

· Trabalhar com os alunos dando ênfase ao PROCESSO e não buscando um PRODUTO. Portanto precisamos respeitar o ritmo de cada um e de cada turma, sabendo que há um momento de maturação, do famoso "clic";

· Lembre-se que a criatividade é fundamental para a elaboração dos seus planos de aulas, assim, dê asas para suas criações e idéias observando no mundo a sua volta, não apenas dentro da sala de aula, mas em todos os lugares e momentos, novas formas de tornar prazerosa a aprendizagem. Aproveite para fazer, junto com uma reflexão séria, um espaço de inovações, criações. Comunique e partilhe com todas as suas descobertas e acertos.

Nosso Programa "Educação para o Pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens" tem um fio condutor que objetiva o trabalho interdisciplinar. As atividades sugeridas nos Roteiros Pedagógicos, assim como, as apresentadas nas Coleções filosófico-pedagógicas e nos materiais para o professor, devem ser desenvolvidas de acordo com o interesse dos educandos, com o cronograma curricular de cada escola e com a criatividade do professor, podendo ter sua sequência e desenvolvimento alterados, de modo a contribuir, ainda mais, para uma aprendizagem reflexiva dos diversos conteúdos das diferentes disciplinas.

Ressignificar o Planejamento

Com a intenção de construir uma Educação com bases sólidas, é necessário recorrer a algum elemento teórico - um suporte reflexivo para que se possam atingir amplamente os objetivos.
Necessário se faz que o Educador exerça um pensar crítico sobre o planejamento, buscando nesse momento reavaliar constantemente a sua prática, se permitir inovar, re-criar, "querendo, desejando, acreditando" nas possibilidades - princípios efetivos da esperança de concretizar as transformações educacionais que o momento exige.

Relembrando Paulo Freire, ousamos afirmar que uma "Educação sem esperança não é Educação" e por esse motivo, ano após ano, vem se buscando inovar a metodologia, visto se considerar que um livro escrito não é uma obra pronta e acabada é, tão somente, uma forma de se conduzir um trabalho seqüenciado, que vai adquirindo vida a partir das atividades criativas que são produzidas pelos professores e seus alunos no trabalho com o material e então construir o roteiro, o planejamento.

Portanto o planejamento das aulas de filosofia com crianças, adolescentes e jovens deve seguir algumas etapas e conteúdos, mas esses nunca devem vir antes da alegria e vontade de aprender que os alunos têm, sendo sempre motivados e conduzidos pelos professores, os quais devem cultivar a inventividade e a inovação com atividades que despertem o amor pela aprendizagem, pois é muito bom aprender!

A importância de começar bem: Aula Inaugural

É no primeiro contato que muito do que se pretende é colocado. A Aula Inaugural é a porta de entrada de um novo ano, é o início de uma trajetória que será e deve ser percorrida de mãos dadas, e que somente assim trará seus bons frutos para todos.

Sempre começamos, em qualquer caminhada, pelo primeiro passo. Esse primeiro passo pode ser o precedente de muitas alegrias, aprendizagens, amizades, evoluções e conquistas, basta ser na direção certa, e para isso, é fundamental uma orientação do rumo que queremos tomar.

O professor é como o capitão de um navio. Ele é quem dará e mostrará a direção a seguir, sempre escutando o que os tripulantes têm a dizer, aceitando sugestões, e ressaltando a importância de cada um ali presente, pois quão tediosa seria essa viagem sem companheiros.

A Aula Inaugural é como quando o capitão apresenta aos seus tripulantes o mapa, fala das suas estratégias, quando atribui e reconhece a importância de cada um dos que estarão no navio, e demonstra toda esperança e fé presente em seu coração para que a viagem seja bem sucedida. O principal sentido dessa viagem não é o local de chegada, mas a viagem em si, a aventura, as descobertas, o estar juntos aprendendo e desenvolvendo-se mutuamente.

A Aula Inaugural é um momento como que para preparar a terra onde serão cultivadas as sementes. Sementes essas, que no caso da aula de Filosofia, são de reflexão, de uma educação para o pensar, para o bem pensar, que aflorarão em autonomia nas pessoas que participam dessa turma que irá construir uma Comunidade de Aprendizagem Investigativa. É o primeiro contato em círculo, ou no "olho no olho", que se formará o elo entre os integrantes da comunidade. É um momento de deixar claros os objetivos das aulas e estabelecer os critérios de verdade, bondade e necessidade que devem estar presentes no diálogo, sempre levando em consideração a aprendizagem que a investigação filosófica proporciona.

Portanto professores, ao pensarem nas suas aulas inaugurais dentro do Programa filosófico-pedagógico Educar para o Pensar, muita criatividade, alegria, esperanças e possibilidades de fazer relações com a sua caminhada reflexiva desejada, outras disciplinas e, tendo presente o Projeto Político Pedagógico da sua escola.

Sugestão para uma Aula Inaugural de Filosofia (em qualquer série)
As três peneiras
(Sócrates)

Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? - Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade. Deve então passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta? E, arremata Sócrates: - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.

Atividades: 1o momento: Ler atentamente o texto. (Cada participante lê uma frase). 2o momento: Vamos Pensar...

1) Quem é Sócrates e o que ele quis ensinar com esse texto?2) Qual o sentido das "peneiras", na leitura?3) As pessoas que conhecemos, costumam ter esse comportamento? Quando ficam sabendo de algum fato, logo querem ser os primeiros a contar? Você já procedeu assim alguma vez? Conhece alguém que age ou agiu desta maneira?4) Em caso afirmativo houve conseqüências? Enumere-as.5) Um fato merece ser contado quando...6) Como posso avaliar se o que vou falar é verdadeiro, bom e necessário?7) É fácil ou difícil tomar conhecimento de alguma história, guardar segredo ou simplesmente esquecer que ouviu, sem maiores comentários.8) Você já foi atingido por um mal-entendido assim? Em caso positivo, como se sentiu? Gostaria que algum amigo (a) passasse por uma situação constrangedora por conta de uma "fofoca", assim?9) É sempre bom ter-se em mente a seguinte máxima: "Fazer aos outros, somente aquilo que queremos que façam a nós". Como você pode interpretar essa máxima?

- Pensando e desenvolvendo a criatividade...

a) Construir um trabalho interpretativo sobre o que mais lhe chamou a atenção no texto: através de um desenho, de um texto, de recorte e colagem, em forma de poesia, ou outra forma na qual melhor conseguir se expressar;b) Fazer um comentário em mais ou menos quinze linhas sobre as questões que envolvem... Verdade - Bondade - Necessidade, existentes no texto.

Parte Prática:
Que sugestões podemos deixar, neste início de ano letivo, para todas as turmas do nosso Colégio, com o objetivo de contribuir para a eficácia do texto - "As três peneiras" de Sócrates - que acabamos de ler?
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Após o término da aula inaugural, afixar em mural da Escola o resultado do trabalho interpretativo e durante o semestre, reforçar e lembrar as idéias do texto.

Refletindo sobre as atividades que envolvem o EDUCAR PARA O PENSAR

Quando nossos educandos exprimem pensamentos ou sentimentos, a tarefa do professor é criar uma imagem verbal do que a criança disse. Pode-se fazer isso usando um dos seguintes processos criados por Raths1, e apresentados sob a denominação geral de "Técnicas de esclarecimento de valor":

· Repita o que o educando disse;
· Faça uma paráfrase da afirmação do educando;
· Deforme ou procure a afirmação do educando;
· Peça exemplos;
· Peça a definição de um termo;
· Peça a outra pessoa para explicar o que foi dito;
· Peça a criança para resumir o que disse;
· Pergunte se existe alguma incoerência;
· Pergunte se algo foi suposto, revele as suposições;
· Pergunte a que levará o que foi dito. a) Quais as suas conseqüências? b) O que vem depois?
· Pergunte se todos devem acreditar na afirmação
· Pergunte se a afirmação é uma boa afirmação;
· Pergunte: "como lhe ocorreu essa idéia?"
· Pergunte se existe alguma coisa de que o educando goste muito;
· Pergunte se o educando já pensou muito a respeito disso;
· Pergunte se o educando faz isso muitas vezes;
· Pergunte se isso é o que ele acredita;
· Pergunte como isso influi na vida das pessoas.
_____________________________________1RATHS, Louis E. Aprender a pensar. São Paulo: EPU, pág. 77

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